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Renato Silveira

Empreendedor e Sócio Fundador da Brasil Postos. Consultor, professor e estrategista de marketing digital. Desenvolve ferramentas que melhoram os processos de capacitação e gestão de estações de abastecimento e lojas de conveniência.

O que a Barbie, o marketing e os postos de combustíveis e lojas de conveniência têm em comum?

Gente, preciso compartilhar que fui assistir ao filme da Barbie ontem e fiquei surpreso! Sem spoilers, é claro! Mas neste post gostaria de falar sobre algo que pode ajudar nas experiências que seus clientes têm no dia a dia das suas operações. Se você está tentando entender o título desse post: o que há de semelhante entre a Barbie, o marketing e o posto de combustível eu vou te contar: é a capacidade de criar e oferecer experiências marcantes para as mulheres.

Agora, vamos refletir um pouco: já pararam para pensar que a ida aos postos de combustíveis têm significados completamente diferentes para homens e mulheres? Historicamente, os postos sempre foram vistos como lugares masculinos com frentistas barbudos e com uniforme sujo, sem falar naqueles "cartazes de mulher nuas" pregados na troca de óleo e na borracharia. Para os homens que passaram a infância toda brincando de carrinhos a ida ao posto pode representar uma afirmação da sua condição masculina estando em um ambiente totalmente pensado para a jornada de um motorista. Ele gosta de ir até o posto, lavar seu carro, abrir o capô do carro, conversar com o frentista e acompanhar o abastecimento.

Já a ida da mulher até um posto pode representar apenas mais uma das inúmeras atividades chatas que ela tem que fazer na sua semana e que pode ser compensada apenas pela conveniência de encontrar outras atividades que lhe ajudem a ganhar tempo na sua jornada diária. A franquia de uma loja pet, uma lavanderia de auto serviço ou uma farmácia fazem todo o sentido para quem tem que otimizar cada segundo do dia. Nada foi pensado para as mulheres, que, assim como a Barbie, adoram se sentirem poderosas e frequentarem lugares limpos, organizados e que priorizam o bem-estar. Pensem na casa dos sonhos da Barbie, será que o arquiteto da Barbie pensou no Ken? Com certeza não! E o projetista do seu posto, será que ele levou em consideração o público feminino? Penso que não!

As mulheres já conquistaram todas as profissões, mais da metade do mercado de trabalho, compram seus próprios carros para o trabalho e a família (afinal, são elas que ainda levam e buscam os filhos na escola), mas na hora de abastecer, ainda se deparam com um ambiente totalmente planejado para os homens.É muito raro encontrarmos instalações de postos pensadas e projetadas para mulheres. Destaco aqui a iniciativa incrível que é a Sala Cristal da Rede Pichilau, que se preocupa genuinamente com as caminhoneiras, esposas e filhas, que acompanham heroicamente a jornada da estrada com seus maridos. A Rede Pichilau pensa nessas mulheres e oferece um ambiente exclusivo e totalmente voltado para as necessidades femininas.


Redes Sociais


Mas, além de falta de infraestrutura adequada, outro ponto muito triste são as campanhas de redes sociais feitas por alguns revendedores. Diferente da Mattel que investe em conteúdo com muita imaginação as “publicações” das redes de postos e conveniência nas redes sociais são de muito mal gosto e machistas. Temos vários exemplos deprimentes do poder masculino nas redes sociais. Funcionárias de postos e lojas divulgando de forma vulgar (linguagem verbal e corporal) as ofertas e serviços oferecidos. Dancinhas comprometedoras, roupas justas e olhares sedutores são usados para atrair clientes homens para o posto. Isso respeita a condição feminina das colaboradoras? Faz sentido para as clientes ( será que vão se sentir atraídas a frequentar um lugar que desrespeita as colaboradoras)? Imagino que não! Infelizmente, é essa a vulgarização da mulher que vemos todos os dias nas redes sociais e não é diferente em nosso segmento.

Outro ponto que destaco é a falta de criatividade para quem precisa se conectar com as mulheres que frequentam o posto. Todos os anos, sempre quando chega o Dia das Mães ou no Dia da Mulher há a distribuição de rosas. Ok, entendo que é melhor do que nada. Mas será que isso é o suficiente para conquistar o público feminino? Mulheres, o que vocês acham? Será que ao invés de investir em rosas (que são muito caras) não seria melhor apoiar uma causa com um propósito de ajudar mães desabrigadas, por exemplo? Fica a reflexão.


Lojas de Conveniência


Vocês podem estar pensando que as lojas de conveniências que estão presentes nos postos já estão se adaptando à nova realidade da inserção da mulher no mercado de trabalho e oferecem muitas opções de compras interessantes e voltadas para o público feminino, certo? Será mesmo? Analisem que, em média, 70% das vendas de uma loja de conveniência padrão são focadas nas categorias de bebidas (cerveja gelada), tabacaria (cigarro) e comidas ultra processadas (snacks).

Acreditem, falta muito para ajudar mães que desejam encontrar uma comidinha saudável para levar para seus filhos após o trabalho, ou algum lanche fresco e natural para comer antes da academia. Será que esse trio: cerveja gelada, cigarro e salgadinho faz parte do dia a dia feminino ou já é uma tradição de final de dia masculino? Se você estiver com dúvidas, basta ir até o posto com loja de conveniência mais próximo da sua casa no final do dia e comparar o números de homens bebendo e fumando com o de mulheres e tirar suas conclusões qual é o público alvo destas lojas e revendas de combustíveis.


Banheiros sujos


E não para por aí! Outro aspecto que reforça meu ponto de vista que o foco do segmento está nos homens são os banheiros desses estabelecimentos. Basta perguntar para qualquer mulher sobre as experiências que elas tiveram nos banheiros de postos que frequentaram ao longo da vida e fica muito claro que o máximo que chegamos hoje é evitar a falta de papel higiênico no banheiro feminino (risos).

Não quero polemizar com este post, mas achei essa vibe "rosa" muito oportuna para sugerir que os profissionais responsáveis pelos projetos de postos e lojas de conveniência coloque a mulher no centro e busquem ofertar experiências interessantes para que, assim como a Barbie, as mulheres também tenham bons momentos para compartilhar em um ambiente pensado nelas.

As mulheres merecem ser tratadas com respeito e receber atenção em todos os lugares que frequentam, inclusive nos postos de gasolina e lojas de conveniência. Por uma experiência melhor para todos nós!